Para recuperar a vegetação das áreas localizadas no interior e entorno das Unidades de Conservação da Ararinha-azul, em Curaçá (BA), o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) realiza uma série de esforços através do Projeto RE-Habitar Ararinha-azul. O processo de reflorestamento dessas áreas se dará com a união de modelos de recuperação de áreas degradadas e a implantação de tecnologias sociais de prevenção à desertificação, como barragens e cordões em contorno. O projeto concluiu a construção de 39 barragens sucessivas, que irão aumentar significativamente a disponibilidade de água na região.
Realizado em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento (Fade) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o projeto irá recuperar 100 hectares vinculados às margens de rios intermitentes ou temporários e 100 hectares em regiões mais secas. Toda essa área se concentra nas unidades de conservação Refúgio de Vida Silvestre (RVS) e Área de Proteção Ambiental (APA) Ararinha-azul, em Curaçá (BA), habitat prioritário das ararinhas-azuis.
As barragens sucessivas foram implantadas em riachos e afluentes em seis propriedades rurais como parte das técnicas de recuperação das áreas degradadas de mata ciliar. Concluídas em outubro, as obras duraram dois meses e envolveram o esforço de uma equipe de nove pessoas, entre analistas ambientais e auxiliares de campo, em sua maioria moradores da região.
Estas barragens auxiliam na manutenção da água e na fertilização gradual do solo onde são implantadas. Dessa maneira, contribuem para um ambiente mais favorável para as espécies vegetais e, consequentemente, para a fauna silvestre, em especial as ararinhas-azuis. Com a recuperação de várias funções do ecossistema, será possível para os moradores, que vivem no interior das unidades de conservação, o desenvolvimento mais sustentável de atividades agrícolas em suas propriedades.
De acordo com o pesquisador do Nema, o engenheiro agrônomo Anderson Souza, essa tecnologia social irá reter um maior quantitativo de água que, normalmente, se perde por conta da baixa cobertura vegetal nas áreas degradadas. "As barragens sucessivas contribuem na redução da velocidade das enxurradas após as chuvas, aumentando a infiltração de água no solo e a disponibilidade hídrica, além de auxiliar na contenção de sedimentos, evitando o assoreamento de rios e reservatórios", explica.
O projeto ainda implantará sete barragens subterrâneas e cerca de 50 quilômetros de cordões em contorno, junto à execução de semeadura direta e plantios de mudas em áreas degradadas. Todos fazem parte dos métodos que compõem o arranjo tecnológico do Nema para recuperar áreas de mata ciliar e savana estépica.
RE-Habitar Ararinha-azul - Projeto aprovado na chamada do GEF-Terrestre, em seu componente para recuperação de áreas degradadas da Caatinga. A iniciativa é financiada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Fotos: Jailton Silva e Anderson Souza