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Nema contribui para elaboração de relatório nacional sobre espécies exóticas invasoras

Espécies de plantas, animais e microrganismos em locais fora dos seus habitats naturais, em decorrência da intervenção humana, são chamadas de exóticas e podem ocasionar problemas ambientais, sociais, sanitários e econômicos. Para apresentar as principais informações sobre as invasões biológicas no Brasil, foi elaborado o Relatório Temático sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. Esse estudo foi produzido por diversos autores, além de colaboradores, entre eles o pesquisador do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) Matheus da Silva Asth. A Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) é a responsável pela publicação, que está disponível para download.

Nas cerca de 300 páginas, o estudo brasileiro aborda em seis capítulos diversos temas, desde as definições do que são espécies exóticas invasoras a informações sobre status e tendências, vetores de mudança, impactos causados, experiências nacionais, gestão e manejo. Como biólogo do Nema e Jovem Pesquisador da BPBES, Matheus Asth foi um dos autores contribuintes do Capítulo 6: "Opções para gestão e o manejo de espécies exóticas invasoras". Nele, são tratados assuntos como governança, regulamentação setorial, inconsistências e lacunas legais no Brasil, aspectos culturais, sociais e econômicos, além de cenário futuro.

No Capítulo 2, o Nema ainda fornece informações publicadas em artigo de autoria de Asth; do coordenador do Nema, professor Renato Garcia Rodrigues; e do professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Rafael Dudeque Zenni. A produção científica está entre as referências deste capítulo, que aborda o status e tendências sobre espécies exóticas invasoras no Brasil. Essas contribuições são baseadas na experiência do Nema com a realização do monitoramento de espécies exóticas nas áreas de influência do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), coordenado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).

Segundo o levantamento, no Brasil há 476 dessas espécies, sendo mais de 250 de animais e cerca de 200 de plantas e algas. Há exóticas invasoras com maior número de registros de impactos, na maior quantidade de habitat e regiões geopolíticas, como abelha-de-mel (Apis mellifera), caracol-gigante-africano (Achatina fulica), pinheiro-americano (Pinus elliottii) e cão-doméstico (Canis lupus familiaris). Na Caatinga, são bastante encontradas as plantas algodão-de-seda (Calotropis procera), unha-do-diabo (Cryptostegia madagascariensis), turco (Parkinsonia aculeata), além da algaroba (Prosopis juliflora), que já invadiu mais de um milhão de hectares.

As influências de espécies exóticas invasoras podem ser positivas, mas são negativas em sua maioria, sendo uma das cinco principais causas de perda de diversidade biológica em nível global, conforme o Relatório. No Brasil, estimativas indicam que geram um gasto anual na ordem de USD 3 bilhões para o país. Os custos mais aparentes estão relacionados a animais como mosquito-da-dengue (Aedes aegypti) e mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), mas as plantas também causam impactos econômicos relevantes. Os efeitos negativos sobre a biota incluem principalmente alterações na estrutura de comunidades e diminuição local da riqueza de espécies nativas, mediados por predação, competição e modificações ecossistêmicas.

De acordo com o pesquisador do Nema, Matheus Asth, a participação no relatório representa uma importante inserção do Núcleo na rede de colaboração técnica e científica nacional sobre as espécies exóticas invasoras. "O Brasil possui estrutura legal e institucional e conhecimento técnico suficiente para avançar nas medidas de prevenção e controle dessas espécies e essa publicação fornece informações atualizadas para diferentes setores da sociedade e conhecimentos que embasam as tomadas de decisão dos órgãos competentes e mecanismos de financiamento para projetos e políticas públicas", destaca.

Karen Lima