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Espécie do mês: Baraúna

NOVEMBRO

Espécie do mês: Baraúna

ESPÉCIE: Schinopsis brasiliensis Engl.

FAMÍLIA: Anacardiaceae

SINÔNIMOS RELEVANTES: Schinopsis brasiliensis var. glabra Engl., Schinopsis brasiliensis Engl. var. brasiliensis, Schinopsis glabra (Engl.) F.A.Barkley & T.Mey

NOMES POPULARES: baraúna, braúna, braúna-do-sertão, braúna-parda, guaraúna, ibiraúna, ipê-tarumã, perovaúna, quebracho, ubirarana

ORIGEM: Nativa

ENDEMISMO: Não endêmica do Brasil

OCORRÊNCIAS CONFIRMADAS: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe); Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste (Minas Gerais)

DOMÍNIO FITOGEOGRÁFICO: Caatinga (stricto sensu), Cerrado (lato sensu)

A baraúna é uma árvore típica da Caatinga e destaca-se na vegetação devido ao seu grande porte, atingindo entre 10 - 15m de altura, caracterizada por ser uma das espécies mais altas do bioma. Possui tronco ereto, tem uma copa quase globosa, não muito densa e seus ramos são providos de espinhos, que podem atingir até 3,5cm de comprimento. Possuem folhas compostas, verde escura na face superior, pálidas na inferior, são aromáticas e caem durante a estação seca. Suas flores são alvas, pequenas, suavemente perfumadas e dispostas em inflorescências do tipo panícula. Os frutos caracterizam-se por serem secos, indeiscentes e tipo sâmara, com endocarpo lenhoso, impermeável a água. O endocarpo envolve toda a semente e não se desprende facilmente, formando uma camada (pirênio) que funciona como uma barreira para a entrada de água, dificultando a germinação e funcionando como estratégia para sobrevivência da espécie aos períodos de seca.

A espécie habita as terras altas da Caatinga dominadas por solos de tabuleiros, férteis e profundos. Ocorre com mais frequência em solos calcários, podendo ocorrer em afloramentos pedregosos, onde não cresce muito. Seus indivíduos florescem no final da estação chuvosa, como essa varia em cada região e de ano para ano, não há uma época definida, sendo mais frequente entre junho e setembro. Os frutos amadurecem entre outubro e novembro. São melitófilas e as abelhas sem ferrão estão entre os principais polinizadores da espécie em áreas de caatinga. Já a dispersão é anemocórica, com propágulos adaptados para serem dispersos pelo vento.

A espécie apresenta um grande valor econômico, principalmente por fornecer madeira de boa qualidade, densa, pesada, com elevada resistência mecânica e altamente resistente a patógenos. Essa resistência se deve a grande quantidade de resinas, cristais de oxalato de cálcio e tiloses que possuem. Por isso, é muito usada na construção civil, fabricação de móveis, mourão de porteiras, aviamentos de casas de farinha, mão-de-pilão, cabos para ferramentas, soleiras, pontaletes, esquadrias, portais, frechais, vigamentos, produção de lenha, carvão, álcool combustível e coque metalúrgico. A espécie é utilizada também pela indústria de curtimento de couro, na medicina popular e na arborização urbana, além de possuir potencial ornamental e ser indicada para uso na recuperação de áreas degradadas e em projetos de enriquecimento de caatinga.

Por apresentar ampla distribuição no Brasil e em países vizinhos, com populações abundantes a espécie é avaliada como Menos Preocupante (LC - Least Concern) pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Entretanto, devido aos potenciais relacionados a sua madeira, S. brasiliensis foi e ainda é bastante explorada comercialmente, podendo apresentar-se sob risco de extinção com a aquisição e o monitoramento dos dados de extrativismo. Esse risco é ainda mais agravado se considerarmos a falta de reposição florestal.

REFERÊNCIAS

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Fotos:P.R.A. de Souza. 2020 (hábito)V. M. Cotarelli. 2020 (fruto)K. A. de Lima. 2020