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Espécie do mês: palmatória-grande

ESPÉCIE DO MÊS: Junho

ESPÉCIE: Brasiliopuntia brasiliensis (Willd.) A. Berger

FAMÍLIA: Cactaceae

FORMAS DE VIDA: arbusto, árvore, suculenta

NOMES POPULARES: ambeba, arumbeva, cumbeba, facho-de-renda, gerumbeba, jurubeba, mamoeiro-bravo, mumbebo, mumbeca, palmadora, palmatória, palmatória grande, urumbeba, rumbeba, palmatória-do-diabo, xiquexique-do-sertão.

ORIGEM: Nativa

ENDEMISMO: Não é endêmica do Brasil

OCORRÊNCIAS CONFIRMADAS: Norte (Rondônia), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo), Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)

DOMÍNIOS FITOGEOGRÀFICOS: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal

A espécie B. brasiliensis é a única representante do gênero Brasiliopuntia. O nome do gênero significa "Opuntia do Brasil" embora ocorra em outros países latino-americanos. Ocorre em todas as regiões do país, sendo bastante encontrada no Nordeste (principalmente no oeste da Paraíba, leste e centro-sul de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, além de noroeste, norte e sul da Bahia). Ocorre também em outros países, como Peru, Bolívia, Argentina e Paraguai. No Brasil, pode ser encontrada crescendo em diversos substratos, associada a rochas gnáissicas, ocorrendo também em restinga arenosa e em fisionomias mais arborizadas da caatinga, especialmente associada a cursos d'água.

Frequentemente denominada de xiquexique-do-sertão e palmatória-grande é uma das maiores espécies da família Cactaceae, com altura variando de 2 até 20m. Quando adulta possui porte arbóreo, com ramo principal (caule) cilíndrico, ramos laterais comprimidos, segmentados, com crescimento determinado, verde-escuros, com tricomas alvos, aréolas com poucos gloquídios e espinhos. Suas folhas são ovais, verde-claras a amareladas. Suas flores são solitárias, com perianto verde-amarelados ou amarelo-claros, estames numerosos. O fruto é globoso, amarelado, avermelhado ou vermelho-escuro, possuem aréolas com gloquídeos. Suas sementes podem chegar a 1cm de comprimento, sendo consideradas grandes em relação às outras espécies de família, amareladas, com testa pilosa e presença de arilo.

Sua floração é síncrônica, os botões abrem durante o dia e surgem, geralmente, nas bordas dos cladódios, podendo durar até dois meses. Porém, apesar de serem diurnas, suas flores nem sempre são vistas com facilidade, devido ao tamanho da espécie, ficando nos ramos altos. A literatura indica beija-flores, abelhas, marimbondos e borboletas como visitantes florais. Coleópteros podem ser observados predando frutos caídos e, quando esses frutos ainda estão nos cladódios é possível observar a presença de hemípteros sobre eles. As flores e frutos são visto, principalmente, nos meses de outubro a novembro.

Uma característica interessante é a presença de formigas nas aréolas dos seus ramos devido a presença de substâncias adocicadas produzidas por nectários extra-florais. A produção dessas substâncias atraem as formigas e ajuda a mantê-las distantes das flores. As aréolas também possuem atividade meristemática intensa, produzindo cladódios que se desprendem da planta mãe e caem no solo, possibilitando a reprodução assexuada da espécie.

A espécie é muito utilizada como ornamental, devido a beleza de suas flores. Na Bahia, por exemplo, é muito utilizada em parques e jardins, o que desperta um interesse paisagístico, pois também possui boa propagação e desenvolve-se bem em ambientes costeiros. Estudos etnobotânicos também apontam o uso místico-cultural, sendo empregada para espantar o "mau-olhado". Além disso, seus frutos podem ser consumidos in natura, após a retirada de seus espinhos

De acordo com o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) a espécie é enquadrada na categoria "Menos Preocupante" (LC) devido a sua ampla distribuição e por ser encontrada em unidades de conservação (SNUC), tais como, Parque Nacional da Tijuca, Parque Nacional do Pau Brasil e Estação Ecológica Estadual de Guaxindinba, além de ser legalmente protegida pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens da Fauna e da Flora.

REFERÊNCIAS

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Calab, M. 2009. Aspectos demográicos e fenologia de Brasiliopuntia brasiliensis (Willd.) A. Berger, Cactaceae, Na zona rural do município de Prdente de Moarais/MG. Dissertação (Mestrado): Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, Belo Horizonte, 49pp.

Cavalcante, A.; Teles, M.; Machado, M. 2013. Cactos do semiárido do Brasil: guia ilustrado. Instituto Nacional do Semiárido, Campina Grande: INSA, Paraíba, 103p.

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CNCFlora. Brasiliopuntia brasiliensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em:

<http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Brasiliopuntia brasiliensis>. Acesso em 22 junho 2021.

Filho, E.S.B; Santana, M.S.; Santos, P.A.A.; Ribeiro, A.S. 2018. Levantamento etnobotânico da família Cactaceae no estado de Sergipe. Revista Fitos, Rio de Janeiro, 2018; 12 (1): 41-53.

Freitas, M.F. 1990/92. Cactaceae da área de proteção ambental da Massambaba, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia. Rio de Janeiro, v. 42/44, p. 67-91.

Silva, S.C.M. 2019. Caracterização anatômica, química e ultraestrutural de espinhos secretores em duas espécies de Opuntioideae (Cactaceae). Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, Botânica). Universidade Estadual Paulista.

Taylor, N.P; Zappi, D.C. 2004. Cacti of Eastern Brazil. The Royal Botânic Garden, Kew, Richmond, Uk.

Zappi, D.; Taylor, N.P. 2020. Cactaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB1430>. Acesso em: 21 jun. 2021

FOTOS:

Paviotti A. 2021. Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)

Foto flor: Araújo M. 2005. Tropicos.org.