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Espécie do mês: Pinhão-bravo

ESPÉCIE: Jatropha mollissima (Pohl) Baill.

FAMÍLIA: Euphorbiaceae

FORMAS DE VIDA: arbusto, árvore

NOMES POPULARES: pinhão, pinhão-roxo, pinhão-vermelho, pinhão-bravo

ORIGEM: Nativa

ENDEMISMO: Não é endêmica do Brasil

OCORRÊNCIAS CONFIRMADAS: Norte (Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul) e Sudeste (Minas Gerais)

DOMÍNIOS FITOGEOGRÀFICOS: Amazônia, Caatinga, Cerrado

Conhecida popularmente como pinhão-bravo, pinhão-roxo e pinhão-vermelho, a espécie Jatropha molíssima é amplamente distribuída no semiárido brasileiro, sendo adaptada a solos pouco férteis e degradados. Apresenta hábito arbustivo-arbóreo, atingindo cerca de 3 m de altura. Possui folhas alternas, simples, palmatilobadas, com margem foliar serreada, pouco serreada ou inteira, estípulas glandulares presentes. O caule com cascas finas e esfoliantes. As flores apresentam coloração vermelhas, amareladas ou bicolores, podendo apresentar guia de néctar avermelhado. As flores masculinas disponibilizam pólen e néctar, já as femininas disponibilizam apenas o néctar. O fruto é esverdeado, do tipo cápsula, trilocular. As sementes são carunculadas.

O período de floração ocorre tanto na estação chuvosa (podendo ocorrer de fevereiro a maio) quanto na seca (podendo ocorrer de agosto a outubro). A frutificação da espécie também é relatada em ambos os períodos.

As flores femininas possuem disco nectarífero que é acessado facilmente por vários insetos, como vespas, borboletas e abelhas, principalmente aquelas sem ferrão, como Trigona spinipes (arapuá) e da tribo Euglossini (Eulaema nigrita). O fruto, quando seco, explode e libera as três sementes (deiscência explosiva, dispersão autocórica). As sementes podem ser lançadas a até 1,8 metros de distância da copa da planta.

A espécie se destaca devido a algumas de suas aplicações. Na medicina popular é utilizada como antibacteriano, antioxidante, cicatrizante, hipotensor, purgativo. Também é considerada estimulante dos músculos lisos do intestino e do útero. As sementes possuem elevados teores de proteína e também apresentam teor significativo de ácidos graxos. O látex é utilizado como fonte de resina pelas abelhas, sendo recomendado o plantio da espécie para complementar a quantidade de recursos florais disponíveis a elas. A planta ainda é ornamental e utilizada no paisagismo urbano.

A espécie é uma das utilizadas nos plantios para recuperação de áreas degradadas nas áreas de influência do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), através de Plano Básico Ambiental 09 (PBA 09) executado pelo Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), juntamente ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

A espécie não está na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção, conforme consulta aos dados do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora).

REFERÊNCIAS

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