ESPÉCIE: Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.
FAMÍLIA: Sapotaceae
FORMAS DE VIDA: arbusto, árvore
NOMES POPULARES: quixabeira, coca, coronilha, guajuviraí, laranjinha, laranjinha-brava, laranjinha-preta, leiteiro-preto, maçaranduba-da-praia, miri, quixaba, quixabeira, rompe-gibão, sacutiaba, sapotiaba, ibiranhira
ORIGEM: Nativa
ENDEMISMO: Não é endêmica do Brasil
OCORRÊNCIAS CONFIRMADAS: Norte (Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)
DOMÍNIOS FITOGEOGRÀFICOS: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal
Sideroxylon obtusifolium, conhecida popularmente como quixabeira, é encontrada em todas as regiões do Brasil, além do Equador, México, Belize, Colombia, Costa Rica, Venezuela, Bolívia, Argentina, Paraguai e Peru. Em geral, ocorre em formações primárias e em solos argilosos, ricos em cálcio, embora se adapte bem a diversos ambientes.
Em regiões com maior escassez de água é encontrada como arbusto ou pequenas árvores, alcançando até 10m de altura. No entanto, em áreas florestais com maior abundancia de água, os indivíduos podem alcançar cerca de 20m de altura e mais de 1m de diâmetro. No Brasil, é a única espécie representante do gênero Sideroxylon, facilmente reconhecida em campo pelos seus ramos com ápices espinescentes. Possui folhas simples, opostas ou espiraladas, tornando-se fasciculada nos ramos mais velhos, lâminas foliares glabras ou com tricomas acastanhados na face abaxial. Suas flores são alvas e agrupadas em fascículos axilares. Os frutos são elípticos, obovoides ou subglobosos, com superfície lustrosa, esverdeados quando imaturos, ficando enegrecidos quando maduros e possui uma semente.
A floração e frutificação podem variar conforme local de ocorrência. É possível observar flores de março a maio, julho a dezembro. A frutificação ocorre de janeiro a julho, outubro a dezembro. As flores são visitadas por insetos da ordem Hymenoptera, Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Thysanoptera, mas são polinizadas por abelhas, moscas e vespas. As espécies Xylocopa ordinaria e Apis melífera (abelhas), Brachygastra lecheguana (vespas) e Isanthrene incendiaria (borboleta) são indicadas na literatura como polinizadores efetivos da quixabeira. A dispersão é zoocórica e os frutos, chamados de quixabas, são utilizados na alimentação humana e animal, sendo consumidos por pássaros e outros animais silvestres. A propagação da espécie ocorre apenas por sementes.
Além do seu valor ecológico, a quixabeira possui diferentes formas de uso. É utilizada como medicinal, contra inflamações, diabetes, como antioxidante, contra dores em geral, úlceras duodenais, gastrites, azias, inflamações crônicas, lesão genital, inflamação dos ovários, cólicas, problemas renais e cardíacos, diabetes e expectorante. A espécie também apresenta atividade larvicida. As partes mais utilizadas são as folhas e as cascas do caule. A literatura aponta a importância da espécie na medicina popular, por diferentes comunidades tradicionais do agreste e sertão. Pesquisas etnobotânicas na tribo Fulni-ô, umas das etnias indígenas que vivem no agreste de Pernambuco, apontam que a espécie é intensamente utilizada para diferentes fins, revelando sua importância tanto para sobrevivência cultural quanto biológica da tribo.
A madeira da espécie costuma ser utilizada na construção civil, carpintaria, produção de lenha e no artesanato, como para produção de esculturas e até carrancas. Experiências relevantes com a espécie demonstraram que seu látex pode ser uma fonte de protease para coagulação do leite, portanto apresenta potencial para desenvolvimento de um produto que possa substituir o coalho na indústria de laticínios. Além disso, pode ser utilizada na arborização urbana e na recuperação de mata ciliar.
De acordo com Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), S. obtusifolium encontra-se na categoria LC (Menos Preocupante), por apresentar uma ampla distribuição e por ser frequentemente encontrada em seus locais de ocorrência. Apesar disso, devido as diferentes finalidades atribuídas a espécie e as diferentes perturbações humanas em seus locais de ocorrência, faz-se necessário e urgente pesquisas relacionadas seu manejo e uso adequado, evitando a extinção local das populações. A espécie encontra-se sob diferentes ameaças devido a perturbações humanas, tais como queimadas, desflorestamento, agricultura, pecuária, pastagem, extração de madeira e mineração.
Cabe mencionar que populações de quixabeira são encontradas em áreas protegidas, tais como, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Bahia; Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro, PB; Área de Proteção Ambiental (APA) de Maricá, RJ; Parque Nacional do Catimbau, Buíque, PE; Área de Proteção Ambiental de Massambaba, Rio de Janeiro; Reserva Biológica de Serra Negra (RBSN), PE; Parque Estadual de Itapuã, RS; Parque Nacional da Lagoa do Peixe; APA Monumento Natural dos Costões Rochosos, Rio das Ostras e Parque Estadual da Serra da Tiririca, RJ; Parque Estadual de Itapuã, RS.
REFERÊNCIAS
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